Procult UFF

Apresentação do Curso


O Bacharelado em Produção Cultural da Universidade Federal Fluminense foi implantando em 1996, tornando-se o primeiro curso da área no país. Surgiu de uma demanda, à época, de trazer a reflexão critica sobre a Produção Cultural e o financiamento da cultura para o interior da universidade pública. O pioneirismo da UFF ao assumir a tarefa de habilitar e formar profissionais produtores culturais se coloca, também, a premissa de tratar a cultura como uma dimensão fundamental da vida, da fruição e do trabalho humano. As atividades do produtor cultural demandam a tarefa de responder à condicionantes de ordem social, politica, econômica bem como a componentes de caráter ético e estético.

Em face do crescimento da participação da cultura, ou, mais especificamente, do setor cultural no contexto econômico nacional (e internacional), ampliou-se o mercado onde novos profissionais se colocam a atuar.

Pesquisas consolidadas na base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada apontam que a conta satélite da cultura representa cerca de 5% da mão de obra empregada formalmente no país e quase 6% do PIB nacional. No plano internacional, o Banco Mundial estima que a economia da cultura responda por 7% do PIB mundial. Seu potencial de crescimento se mostra sobremaneira elástico, haja vista a dependência de recursos não esgotáveis, cujo insumo básico é a criação artística ou intelectual e a inovação.

Embora se aponte que as atividades relacionadas ao campo cultural sejam uma fonte importante de geração de emprego e renda, a estrutura do mercado das indústrias culturais mostra um processo de internacionalização e de alta concentração, que resulta na formação de um pequeno conjunto de conglomerados de empresas. Isto implica na sujeição dos criadores e consumidores às regras do mercado, que vem destinando à participação dos países da América Latina na produção internacional da cultura apenas 5% dos ganhos, enquanto que Estados Unidos detém 55%, a União Europeia detém 25%, e o Japão e a Ásia detém 15%. Sobre as importações, Japão, Estados Unidos, Reino Unido e França concentraram 47% dos negócios na década de 90.

Como tal, o investimento na formação no ensino superior para a organização da cultura mostra-se um traço estratégico nas relações de intercâmbio dos produtos culturais e no fortalecimento das cadeias produtivas nacionais, para potencializar a capacidade de inserção na divisão internacional do trabalho.

Do ponto de vista das relações socioculturais no Brasil, é possível perceber certa analogia ao padrão de concentração internacional. Bastante conhecido o fato de que o acesso aos bens sociais raros encontra-se majoritariamente aproximados – tanto especialmente, quanto reproduzindo seus modos de expressão estética – aos sujeitos sociais que ocupam os lugares privilegiados na estrutura social.

As relações entre cultura e desenvolvimento econômico se mostram, assim, cada vez mais intensas. Entretanto, este novo lugar da cultura e da produção cultural não deve significar um distanciamento de seus objetos e valores fundamentais. A cultura mais do que um setor onde se produzem bens é o horizonte das relações simbólicas que se exercem pelos diversos indivíduos e grupos sociais em constante relação. Esta implica, portanto, de um lado o campo das representações simbólicas e das sociabilidades, e de outro, o campo dos objetos materiais e imateriais ali produzidos. As práticas de um futuro profissional produtor cultural devem, pois atentar para estes dois domínios.

Em razão disto, o curso de Graduação em Produção Cultural, de natureza Bacharelado justifica-se:

=> Pelo caráter inédito, sobretudo no que diz respeito à sua formação curricular que visa à formação de profissionais para atuarem de forma crítica e criativa no âmbito da indústria cultural, na geração de conhecimento no campo arte e cultura, bem como no planejamento e na gestão da mesma;

=> Pela demanda discente, que deverá ser proveniente daqueles que desejam realizar estudos e empreendimentos em arte e cultura;

=> Pela quase inexistência de iniciativas dessa natureza, dentro da comunidade acadêmica brasileira, pelo compromisso filosófico e político que a UFF assume com a arte e a cultura;

=> Por tratar-se de uma instância do saber- o Ensino – que se representa, no caso, com laços estreitos entre pesquisa e Extensão;

=> Pelos interesses e envolvimento científico-acadêmicos de todo o corpo docente do Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF;

=> Pelo nível de consciência, acadêmico-pedagógica, que entende que produção cultural, não deve ser vista, apenas, como um mero mecanismo de mercado, como um artefato, como uma iniciativa inconsequente e vazia de substância disciplinar, tão somente até hoje valorizada por setores hegemônicos da mídia;

=> Por ter, enquanto consciência política daquilo que verdadeiramente vem a ser produção cultural, conotações das mais diversas: a gestão do cotidiano no que concerne à arte e cultura, o conhecimento das tradições, o reconhecimento da trajetória do humano em um mundo que por ele mesmo é transformado.

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